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sábado, 25 de fevereiro de 2012

A Criação do Mundo para os Antigos Egípcios

A religiosidade no antigo Egito baseava-se na crença em vários deuses e, por isso, era politeísta. Os diversos deuses podiam ser representados com formas humanas e de animais, pois estes possuíam certas qualidades que os tornavam divinos para os egípcios. Os antigos egípcios possuíam uma visão de mundo em que não existia a separação dos ramos da atividade intelectual. Portanto, a religião, a filosofia e outros conhecimentos permaneciam unidos em um único sistema explicativo.

A religião estava presente em todos os aspectos da vida desta antiga terra. Permeava a vida social, política e econômica, pois os egípcios de outrora consideravam que todos os eventos ocorridos durante a vida dependiam da vontade dos deuses. Compreendiam o mundo como uma unidade, não existindo separação entre o mundo humano, natural e divino. Era como se o universo estivesse inter-relacionado em um todo.

Inicialmente, cada região do Egito possuía deuses locais, com cultos próprios. Contudo, após a unificação política do país, ocorrida por volta de 3100 a.C., os inúmeros deuses locais foram reduzidos a um conjunto de grandes deuses nacionais, formando o panteão egípcio. Ainda assim, as divindades regionais e seus ritos continuaram a existir, integradas ao número de deuses do panteão egípcio.

Tendo em vista esta grande diversidade, os egípcios possuíam várias teorias divinas, as quais explicavam a origem do mundo em que viviam. Essas teorias possuíam três vertentes cosmogônicas principais: os mitos de Heliópolis, Hermópolis e Mênfis. Embora existissem os três modos de explicar a criação do mundo, o mito da cidade de Heliópolis foi o mais divulgado; neste o deus Solar (Rá) tinha sido a divindade criadora. O mito heliopolitano que chegou a nós é o seguinte:

No princípio era o caos (Nun), representado pelas águas turbulentas do Rio Nilo, dentro do qual se ocultava Atum, escondido num botão de lótus. Este se manifestou sobre o caos, na forma do deus Rá, criando dois filhos divinos: o deus do ar (Shu) e a deusa da umidade (Tefnut). Estes, por sua vez, foram os responsáveis por gerar a terra (Geb) e o céu (Nut).

1. Deus Rá. Divindade criadora do mundo segundo o mito de Heliópolis. Era geralmente representado na forma antropozoomórfica, com o corpo humano, cabeça de um falcão coroada com um disco solar.

Segundo esse mito, os irmãos Geb e Nut eram apaixonados, porém foram proibidos de se unirem, pois, caso isso ocorresse, Rá não teria como atravessar o céu com sua barca diariamente. Segundo a crença antiga, Rá passaria 12 horas no céu e 12 no submundo, lutando com uma serpente maligna chamada Apópis. Se por ventura Rá não fizesse esse ciclo diário, os egípcios acreditavam que o mundo acabaria, e o caos voltaria a reinar. Por esse fato, a união entre Geb e Nut foi proibida. Porém, a deusa Nut pediu a Toth – deus da sabedoria e do conhecimento – para que pudesse se unir a seu amado. Toth atendeu seus anseios e criou mais cinco dias no calendário, e os irmãos assim puderam consumar sua união. Da união destas divindades surgiu Osíris, Ísis, Néftis e Seth; deuses representativos da humanidade e importantes para a religiosidade nacional. O deus Shu descobriu a união de Geb e Nut e acabou com a união dos dois, interpondo-se no meio deles. Ou seja, o ar era o responsável pela sustentação do céu, para que este não caísse na terra.

 

2. Papiro que apresenta a deusa Nut como o céu, Geb relacionado ao relevo terrestre, e entre os dois Shu, o deus que representa o ar

O mundo teria sido formado desta maneira e o povo egípcio vivia em meio a essas crenças da formação do mundo: viviam no corpo de Geb, deus terra, respiravam o corpo de Shu, deus ar, e contemplavam o céu imaginando se tratar do corpo da deusa Nut.

3. Deus Toth. Divindade da sabedoria e escrita. Segundo o mito ajudou Nut e Geb a consumarem o seu amor.

 

4. Deus Osíris. Um dos filhos de Geb e Nut que representavam a humanidade.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

ENVENENAMENTO MENTAL

Estávamos numa trilha e caminhávamos dentro de um córrego em direção a uma cachoeira. Uma amiga gritou assustada e outra amiga que estava próxima a ela, gritou mais assustada ainda. Voltamos para saber o ocorrido:

- A primeira gritou por que seu lenço caiu no riacho.
- E a segunda, por que gritou?
- Porque a amiga gritou e ela imaginou que fosse uma cobra ou algo perigoso.

Uma reflexão sobre o envenenamento mental nos leva a pensar em como ele pode nos levar a influenciar uns aos outros.
A vida é assim: ou eu influencio você, ou você me influencia, ou eu e você somos influenciados por alguma ideia ou sentimento. Concorda?

 

O envenenamento mental é um sofrimento, uma tortura, uma "ruminação” de ideias negativas. É estar pensando sobre uma ameaça recebida, uma maldição (praga), uma sugestão mental negativa. Estar envenenando é estar encabulado, sugestionado.
Uma observação critica sobre uma pessoa pode provocar envenenamento. Quem fala nem sempre percebe o que causou, mas quem escuta pode sofrer por horas, dias ou anos, se não tiver alguma defesa psicológica.

- "Como você está gorda, fulana!”
- "Como você está pálido! Você esta doente?"

Essas observações podem ferir ou envenenar. Uma ameaça cria uma expectativa doentia.
Uma “praga” causa um medo antecipatório.

E o medo de magia negra? E o medo de "olho gordo", "quebrante"? E as notícias ruins? E os filmes de terror?E o medo de doenças?

O estudante de medicina passa por um stress quando começa a estudar as doenças, mas o povo também, quando a televisão enfoca uma situação doentia. Por exemplo, muita gente está com medo do mal de A1zheimer, em decorrência da televisão.

Envenenar é criar medo na cabeça das pessoas. Foi a terrível e primitiva "arma" que as criaturas humanas usavam para desfrutarem de poder. Até hoje, conscientes ou não, provocamos medo nos outros e, principalmente, nos nossos filhos.

Você sabia que Platão já condenava a lenda do "bicho papão"? Todavia, não são só os outros que nos envenenam, nós precisamos tomar muita atenção para não "envenenar" as pessoas e não nos auto-envenenarmos. Bem, em nossa reflexão, falta um item e você deve perguntar: como se defender?

Resposta: primeiro - usando mais o lado racional, e segundo - usando muito mais o seu lado intuitivo. O racional leva a questionar, argumentar e analisar, enquanto o intuitivo oferece uma nova possibilidade e uma definição interna, porque o inconsciente sabe mais do que o consciente.

Feliz Reflexão!

Adilson Rodrigues, FRC

Frater Adilson é Médico, Psicanalista, estudante da Psicologia Analítica Junguiana e Diretor de Planejamento e Patrimônio da GLP.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Desvendando os mitos do Egito Antigo

A civilização egípcia sempre exerceu um fascínio muito grande nas pessoas que a conheceram. A maneira como o homem da terra do Nilo levava a sua vida, permeada por várias crenças e mitos, resultou em uma das mais importantes sociedades da antiguidade. Embora os antigos egípcios tivessem elaborado uma infinidade de contos mitológicos para explicar a sua realidade, os mitos que vamos falar aqui são outros. Na verdade, são lendas sem fundamento. Essas, que vamos “desvendar”, estão ligadas ao nosso mundo moderno, criadas por pessoas que, ao estudarem o Egito antigo, formaram uma interpretação errônea, gerando assim pseudoverdades a respeito desta civilização.

A região onde os egípcios viviam não era, antigamente, chamada “Egito”. O nome dado àquela localidade era Kemit, cujo significado era “O Negro”. Esse nome ressaltava a importância que os egípcios davam às margens férteis do Rio Nilo, que ao fertilizar a terra, formava um lodo de cor negra, daí o nome Kemit...

 

01. Foto atual do rio Nilo, mostrando a área fértil que deu nome àquela região

 

Outra pseudoverdade que se criou com o passar dos anos trata da quantidade de ouro encontrada no Egito, pois os antigos egípcios produziram diversos artefatos e adornos com o uso desse metal. Na realidade, no Egito existia pouca quantidade de ouro; a maioria do ouro obtido vinha da Núbia, local que por muito tempo foi dominado política e economicamente pelos faraós. O hieróglifo egípcio que se refere a metal precioso é lido como nub e, a palavra Núbia, portanto, pode ser traduzida como “local de muito ouro”.

02. Estatuetas confeccionadas em ouro, datadas da XXII Dinastia, do reinado do faraó Osorkon, evidenciando o intenso uso deste metal no Egito. Original: Museu do Louvre, Paris – França.

 

Os egípcios da antiguidade tinham um notável conhecimento da região onde viviam, pois foi através desse conhecimento que conseguiram se adaptar às condições geográficas e climáticas do deserto africano. Contudo, na Era Moderna, quando os ingleses viajaram para o país das pirâmides, ocorreu um dos grandes equívocos, que ainda hoje é cometido. Na expedição levaram alguns pesquisadores, e consigo, pessoas para desenhar e transcrever o que viam. Foi em uma dessas descrições do Egito que os ingleses acabaram se equivocando. Quando foram relatar sobre um mar que fazia fronteira com o Egito, descreveram que era o mar dos Juncos, pela quantidade expressiva dessa planta próximo ao mar. Em inglês, mar dos juncos, escreve-se Reed Sea. Por falta de atenção, em uma dessas transcrições, o pesquisador escreveu Red Sea, cujo significado é “Mar Vermelho”. Há muita especulação nos dias atuais sobre o fenômeno que tornaria vermelho este mar, falando inclusive de alguns organismos aquáticos ou algas que deixariam o oceano avermelhado. Especulações à parte, o nome deste mar advém deste erro de transcrição cometido pelos ingleses.

03. Mapa do Egito e na fronteira oeste o Mar Vermelho (RED SEA).

 

Outra característica importante referente ao Egito antigo que acabou por se tornar uma lenda é sobre a crença acerca da vida após a morte. Os antigos habitantes da terra do Nilo acreditavam que para conseguirem a vida no reino da eternidade, após a morte, o corpo físico do falecido deveria ser conservado através da pratica da mumificação. Esta consistia basicamente em um processo de retirar as vísceras e o cérebro do morto, e preservá-lo, desidratando-o através de um sal encontrado na areia do deserto: o natrão. As lendas que se criaram sobre esse processo foram muitas. Uma delas é de que esse processo estaria ligado a uma punição ou castigo, sendo aplicado em pessoas ainda vivas. Essa ideia ligava-se com outro equívoco: de que os escravos no antigo Egito deveriam ser enterrados vivos junto aos seus governantes. A justificativa de enterrar pessoas vivas está ligada à descoberta de algumas tumbas, na qual encontraram pequenas estatuetas que buscavam imitar os trabalhadores, que prestariam serviços para o rei na eternidade. Esses pequenos bonecos esculpidos, conhecidos como shabits, foram interpretados durante o Reino Novo da Civilização Egípcia como “servos ou dependentes”, surgindo a ideia de que pessoas vivas eram enterradas nas necrópoles.

 

04. Estatuetas shabits utilizadas para substituir o morto nos trabalhos do campo na vida além túmulo e que foram alvo de má interpretação.

 

Até mesmo o nome “múmia” sofreu uma interpretação errônea. Quando os árabes visitaram o Egito, em algumas regiões se deparavam com os corpos mumificados. As características e a aparência de uma múmia, com o corpo todo envolvido por uma camada de resina negra elaborada com o mel, fez com que estes árabes acreditassem que o corpos eram cobertos por betume. Presumiram que para mumificar os mortos na Antiguidade, os egípcios mergulhavam-nos nesse derivado do petróleo. Nesse sentido, o mito que se criou foi chamar esses corpos conservados de “múmia”, pois a palavra em árabe “mummiya”, significa betume. Existem atualmente pesquisas sobre fontes de energia utilizadas no antigo Egito, geralmente de origem vegetal, e por vezes mineral. Contudo, não há indícios da exploração e beneficiamento do petróleo no Egito de antes.

Múmia conservada no Museu Britânico com sua coloração escurecida em função da resina de mel utilizada durante o enfaixamento.

 

Uma as lendas mais conhecidas que vamos aqui desvendar é sobre a tão comentada “maldição da múmia”. Na primeira metade do século XX, pesquisadores ingleses investiram na descoberta de uma tumba que guardaria por milênios o corpo do faraó Tutankhamon. Depois de várias investidas e expedições na região do Vale dos Reis, estavam a ponto de desistir, pois a saúde dos pesquisadores estava abalada pelo clima inóspito do deserto africano. Em mais uma tentativa, no ano de 1922, Haward Carter e sua equipe encontraram a tumba deste faraó praticamente intacta. Como esta era uma descoberta inédita de uma expedição inglesa, os egiptólogos autorizaram apenas jornais da Grã-Bretanha para noticiar o ocorrido. Porém, alguns dias depois da descoberta, o patrocinador da expedição, Lord Carnavon, teve complicações de saúde e veio a falecer. Esta foi a brecha que jornais de outros paises acharam para fazer concorrência com a mídia inglesa. Como não puderam veicular as noticias do achado, criaram um boato de que havia uma “maldição da múmia”. Todo aquele que perturbasse o “sono” do faraó sofreria graves consequências. É difícil que um corpo mumificado a cerca de 3 ou 4 mil anos tenha poder para fazer algo maléfico a alguém, mas desde a veiculação desta noticia, muito se tem falado da terrível maldição de Tutankhamon, fato intensificado ao longo do século XX no cinema e na literatura.

05. Haward Carter e o sarcófago do faraó Tutankhamon. A descoberta da tumba deste rei rendeu boatos sobre a existência da Maldição da Múmia, após a morte de Lord Carnavon

Imagens e texto extraídos da web através do site www.amorc.org.br

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Contentamento

Não esqueças, ó homem! que tua estadia presente sobre a Terra foi decretada pela sabedoria do Eterno, que conhece teu coração, que observa a vaidade de todos os teus desejos, e que muitas vezes, por misericórdia, nega tuas súplicas.

Condudo, para todos os teus desejos, Sua benevolência estabeleceu, na natureza das coisas, uma possibilidade de bons resultados.

Na intranquilidade que sentes, nas desgraças que deploras, busca a raiz de onde procedem; tua própria loucura, tua própria vaidade, tua própria destemperada fantasia.

Não murmures, portanto, contra o que Deus dispõe, corrige sim teu próprio coração; nem digas para ti próprio: se eu tivesse riquezas, ou poder, ou lazer, seria feliz; porque deves saber que todas estas coisas trazem, àqueles que as possuem, seus característicos inconvenientes.

O pobre desconhece os arrebatamentos e ansiedades do rico, não sente as dificuldades e perplexidades do poder, nem conhece o fastio do ócio, e por isso lamenta-se de sua própria sorte.

Mas não invejes a aparência de felicidade de qualquer homem, porque não conheces suas dores secretas.

A grande sabedoria está em sentir-se satisfeito com pouco; quem aumenta suas riquezas aumenta seus cuidados; porém uma mente satisfeita é um tesouro oculto ao qual não alcançam as calamidades.

No entanto, se não consentes que as seduções da fortuna te roubem a justiça, ou a temperança, ou a caridade, ou a modéstia, então, nem sequer as riquezas te farão infeliz.

Com isto compreenderás que a taça da felicidade, pura e sem misturas, não é jamais a bebida destinada ao homem mortal.

O Bem é o caminho que Deus lhe determinou, e a felicidade é a meta, a qual ninguém poderá alcançar enquanto não tenha terminado seu caminho, para receber sua coroa nas Mansões da Eternidade.