永遠の命 Vida Perene 永遠の命

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

VIVEMOS APENAS UMA VEZ?

Richard Shimoda, F.R.C.

          A reencarnação é um tema polêmico e que apareceu no ocidente recentemente em comparação com a antiguidade dessa doutrina. Ela é aceita por inúmeras religiões do globo, entre elas o hinduismo, o budismo, o judaísmo e algumas linhas do islamismo. O Cristianismo está entre as poucas religiões que não a aceitam.

          Muitos pontos de vista foram apresentados para se justificar tanto a veracidade como a falsidade da reencarnação. Contudo, se concordarmos que existe um procedimento analógico que permite situar os fenômenos universais em concordância entre si, podemos ter uma nova luz sobre a reencarnação.

          Observando a natureza, verificamos que morte e renascimento são uma constante, e que não parece haver um cessar repentino nesse movimento. Desde o exemplo da lagarta que se transforma em borboleta, até a da semente que origina uma árvore, a reincorporarão de um princípio em outro parece lógica. As próprias células humanas são substituídas, ou renascem, a cada período e no decorrer de sete anos há como que uma renovação total do organismo.

          Da mesma forma, pode-se concluir que o homem não seria exceção a esse fenômeno universal. Seu corpo, após a morte, decompõem-se em elementos que entrarão na fabricação de outros corpos. Pode-se inferir daí que sua consciência também se reincorpora, de alguma forma, em uma nova roupagem, não necessariamente igual à antiga.

          Relatos de pessoas que recordam vida passadas estão se tornando cada vez mais abundantes e começam a chamar a atenção da ciência. Os Rosacruzes sempre consideraram a reencarnação um fato, pois apenas uma vida humana não seria suficiente o aprendizado que o homem tem precisa em seu próprio benefício. Reencarnar significa ter outra chance de se aperfeiçoar, bem como colher os frutos, positivos e negativos, de condutas anteriores.

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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Contemplação e educação da vontade

Contemplação e educação da vontade

Por EVELYN UNDERHILL*

imagem teste

     A contemplação é o meio de expressão do místico. Numa forma extrema, ela é a retração da atenção do mundo exterior e a dedicação total da mente que, por meios e em graus diferentes, condiciona igualmente a atividade criativa do músico, do pintor e do poeta: liberando a faculdade que permite apreender o Bem e o Belo, eles conseguem entrar em comunhão com o Real. Assim como as “visões” e as “vozes” são geralmente o meio pelos quais a consciência mística torna conhecidas suas descobertas à mente de superfície, assim também a contemplação é o meio pelo qual essa mesma consciência faz suas descobertas e percebe o supra-sensível. O crescimento do gênio efetivo do místico desenvolveu a arte da concentração: e esse crescimento é amplamente condicionado por sua formação.
    

O pintor, quaisquer que sejam suas faculdades naturais, não pode abster-se de certa formação técnica; o músico é sábio ao se familiarizar pelo menos com os elementos do contraponto. O mesmo é válido para o místico. É bem verdade que às vezes ele parece se elevar bruscamente às alturas e conhecer o êxtase, sem preparação, como um poeta pode surpreender o mundo com uma súbita obra-prima. Mas, se não repousarem sobre uma disciplina, esses súbitos e isolados lampejos de inspiração não continuarão produzindo grandes obras. “Ordina quest’amore, o tu che m’ami”: este é o pedido imperativo que a Bondade, a Verdade, a Beleza e cada um dos aspectos da Realidade dirigem à alma humana. O amante e o filósofo, o santo, o artista e o cientista devem, sem exceção, obedecê-lo, ou fracassar.

     Assim, o gênio transcendental, que também precisa ser cultivado, obedece às leis que regem todas as outras formas de genialidade: com efeito, ele não pode desenvolver todas as suas faculdades sem um processo educativo. A estranha arte da contemplação,que o místico é inclinado a praticar no curso de toda sua vida – que se desenvolve passo a passo, juntamente à sua visão e seu amor – exige daquele que a empreende o fastidioso trabalho e o longo treinamento da vontade, que presidem a toda grande realização e que são o preço de toda verdadeira liberdade. É o desejo não preenchido desse treinamento – desse “exercício supra-sensível” – o responsável por aquele misticismo vago, ineficaz e às vezes nocivo que sempre existiu: a emoção cósmica diluída e a espiritualidade claudicante que, poder-se-ia dizer, dependuram-se na barra da saia dos verdadeiros buscadores do Absoluto e que descreditam sua ciência.

     Nesse campo, como em todas as outras artes, inclusive as menores, desenvolvidas pela espécie humana, a educação consiste em grande parte na vontade humilde de se submeter à disciplina e de tirar proveito das lições do passado. A Tradição caminha de mãos dadas com a experiência, o passado colabora com o presente. Cada alma nova e ardente que se lança rumo à meta única do Amor encontra em seu caminho os marcos deixados por outros na via que conduz à Realidade. Se for sábia, ela os observa e nele encontra auxílios para alcançar sua meta, e não obstáculos à liberdade que procede da própria essência da ação mística. Essa ação, bem verdade, é, em última instância, uma experiência solitária, “o vôo do solitário ao Solitário”, ainda que nenhuma realização da alma tenha lugar “in vacuo” nem modifique universo das almas. Ao mesmo tempo, o ser humano não pode separar sua história pessoal da história da espécie humana. A melhor e mais verdadeira experiência não acontece ao excêntrico ou ao peregrino individual que tem como única lei suas intuições, mas, sim, àquele que procura tira proveito da cultura da sociedade espiritual e que ele se encontra, e que submete sua intuição pessoal aos conselhos dispensados pela história geral do misticismo. Os que rejeitam esses conselhos expõem-se a todos os perigos que ameaçam os individualistas, da heresia, num dos pratos da balança, à loucura, no outro. “Vae Soli!” Em nenhuma outra parte observamos tão claramente, como na história do misticismo, a solidariedade essencial do gênero humano e a sanção paga por aqueles que não a querem reconhecer.

     A educação que a tradição sempre prescreveu consiste no desenvolvimento gradual de uma extraordinária faculdade de concentração, de um poder de atenção espiritual. A mera “consciência do Absoluto” não é suficiente se a pessoa não é capaz de contemplá-lo, da mesma forma como a visão e a audição, por mais aguçadas que possam ser, necessitam ser completadas por faculdades treinadas de percepção e receptividade para poderem realmente apreciar – ver e ouvir – as obras-primas da arte ou da música. Mais ainda, a natureza pouco revela de seus segredos a quem nada mais faz que olhar ou escutar com o olho e o ouvido físicos. A condição para tudo ver e ouvir, em cada plano de consciência, não consiste em aguçar os sentidos, mas em adotar, no nível da personalidade inteira, uma atitude especial: uma atenção em que a pessoa esquece de si mesma, uma profunda concentração, uma fusão do Eu que opera uma verdadeira comunhão entre aquele que vê e aquilo que é visto; numa palavra, a contemplação. Assim, a contemplação, em sentido mais geral, é uma faculdade que amiúde pode e deve ser aplicada à percepção, não somente da Realidade divina, mas de
tudo o que existe. É uma atitude mental em que todas as coisas nos entregam o segredo de sua vida. Todos os artistas são, em certa medida, necessariamente contemplativos. Na medida em que se entregam sem preocupação egoísta, eles vêem a Criação do ponto de vista de Deus. “A inocência dos olhos” nada mais é, praticamente, do que isso: e é somente
através dela que eles podem ver realmente as coisas que desejam mostrar ao mundo.

     Convido todos a quem essas proposições pareçam uma mistura de psicologia e metafísica medíocres a liberarem sua mente de todo preconceito e a submeterem essa questão a um teste experimental. Se forem pacientes e honestos – e a menos que não pertençam àquela minoria que é, por temperamento, incapaz do menor ato contemplativo – sairão dessa experiência enriquecidos de um conhecimento novo acerca da relação entre a mente humana e o mundo externo.

     Tudo o que peço é que você fixe o olhar por alguns instantes, com toda a atenção  e querida, numa coisa simples, concreta e externa. O objeto dessa contemplação pode ser uma coisa que o agrade: uma pintura, uma estátua, uma árvore, a encosta de uma colina, uma planta que brota, um curso d’água, pequenas coisas vivas. Não é necessário ir, com Kant, a céus estrelados. “Uma coisa pequenina, não maior que uma avelã” poderá bastar, como aconteceu com Lady Julian, há séculos. Lembre-se de que se trata de uma experiência prática e não de uma bela meditação panteísta. Olhe para essa coisa que você escolheu. Rejeite, com muita vontade mas tranqüilamente, as mensagens que inúmeros outros aspectos do mundo lhe enviam e concentre toda sua atenção nesse único ato de contemplação amorosa, de maneira a excluir do seu campo de consciência todos os outros objetos. Não pense, mas aja de modo a que toda sua personalidade penda para essa coisa: deixe sua alma entrar em seus olhos. Quase instantaneamente, esse novo método de percepção fará aparecer qualidades insuspeitadas no mundo externo. Você primeiro perceberá à sua volta um estranho silêncio, cada vez mais profundo, e a diminuição da atividade de sua mente febril. Em seguida, tomará consciência de que a coisa que você observa adquire mais significado, de que sua existência se intensifica. Enquanto se debruça sobre ela, com toda sua consciência, você receberá em resposta um fluxo que virá ao encontro do seu. É como se a barreira entre a vida dela e a sua, entre o sujeito e o objeto, houvesse desaparecido. Você se fundiu com ela num ato de comunhão verdadeira; conhece agora o segredo de seu ser, profundamente e de modo inesquecível, e, não obstante, de uma forma que você jamais poderá esperar exprimir.

     Vista desse ângulo, uma urtiga terá qualidades celestes, uma galinha malhada terá qualquer coisa de sublime. Nossos grandes amigos, as árvores, as nuvens, os rios, nos iniciam a vastos segredos. “O olho que contempla a eternidade” aproveitou uma ocasião. Fomos imersos, por um instante, na “vida do Todo”: um amor calmo e profundo nos uniu à substância de todas as coisas, um “casamento místico” ocorreu entre a mente e alguns aspectos do mundo externo. “Cor ad cor loquitur”: a vida falou à vida, não à inteligência de superfície. A inteligência de superfície sabe somente que essa mensagem foi verdadeira e bela: nada mais.

     Essa experiência acalmou a consciência de superfície e reuniu todos os nossos centros de interesse dispersos: nós nos entregamos inteiramente a essa única atividade, abandonando toda consciência de nós mesmos, todo pensamento refletido. Refletir é sempre deformar: nossa mente não é bom espelho. O contemplativo, qualquer que seja o plano em que suas faculdades ajam, contenta-se em absorver e ser absorvido; e, através dessa aproximação humilde, ele atinge um plano de conhecimento de que nenhum procedimento intelectual consegue chegar perto.

     Isso não significa que essa simples experiência seja comparável, de qualquer forma que seja, à contemplação transcendental do místico. Entretanto, ela utiliza, em pequena escala e em relação à natureza visível, as mesmas faculdades naturais que o místico emprega – é bem verdade que em outros níveis e submetendo-se ao sentido transcendental – na apreensão da Realidade invisível.

     Uma coisa é ver fielmente, por alguns instantes, a flor na fenda do muro, outra é se elevar até a apreensão da “Verdade Eterna, do amor verdadeiro e da Eternidade”; ambas estas coisas são, todavia, cada qual em seu nível, funções do olho interno que atua quando a mente se retrai provisoriamente.

     A receptividade humilde e a contemplação tranqüila e sustentada, nas quais a emoção, a
vontade e o pensamento se fundem, são o segredo do grande contemplativo, abrasado de amor por aquilo que lhe foi permitido ver. Mas, enquanto a contemplação da natureza implica em nos voltarmos para uma coisa que está indubitavelmente fora de nós, a contemplação do Espírito, na forma com que esta aparece para os que a praticam, requer uma rejeição deliberada das mensagens dos sentidos, uma “introversão” das nossas faculdades, uma “viagem ao centro”. “O reino dos Céus”, dizem eles, “está em ti”: procura-o, então, nos recônditos mais secretos da alma. O místico deve aprender a concentrar todas as suas faculdades, todo seu ser no invisível e intangível; deste modo, ele pode esquecer todas as coisas visíveis e se concentrar tão intensamente nele que todas as outras coisas se esfumam. Ele deve reunir suas faculdades dispersas através de um exercício deliberado da vontade, deve esvaziar seu cérebro de todas as efervescentes imagens e do tumulto de seus pensamentos. Em linguagem mística, deve “mergulhar no vazio”, naquele espaço virgem onde a Razão ativa e hábil não pode penetrar. O todo desse processo, a reunião das faculdades do Eu para voltá-las ao “interior”, a contemplação do território da alma, é a isto que se chama introversão.

* Excerto do livro “Misticismo”, publicado pela AMORC-GLP, de leitura recomendada a todo místico Rosacruz.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

EDUCAÇÃO DA JUVENTUDE

EDUCAÇÃO DA JUVENTUDE
Não apenas mera instrução mas persuasão.

S. Balakrishna Joshi

A educação e a juventude estão intimamente associadas, como a fragrância e a flor. A educação destina-se principalmente à juventude, uma vez que a juventude representa a primavera da existência, quando o indivíduo tem de desabrochar para a aquisição de conhecimento, sabedoria e formação do caráter. Uma pessoa carente de educação não passa de um bípede. No atual sistema democrático é tanto responsabilidade quanto privilégio da juventude receber educação apropriada que a equipe para uma vida agradável e cidadania esclarecida. Lamentável é, no entanto, que a finalidade e filosofia da educação não sejam devidamente compreendidas.
Educação não é aquisição mecânica do árido conhecimento dos fatos, contido nos livros, e o sucesso superficial nos exames com todos os seus efeitos inerentes não representa a meta do empenho educacional. Educação é um processo compreensivo e sintético que objetiva o desenvolvimento do corpo, o alimento da mente, a sublimação das emoções e a regeneração do espírito, e sua consecução consiste na expressão de uma personalidade completa. A base para a realização deste ideal somente pode ser conveniente e verdadeiramente assentada nas escolas e universidades, que são agências específicas criadas com a finalidade de educar os jovens. Um senso de disciplina baseado numa compreensão esclarecida dos valores morais e éticos representa a necessidade evidente da hora, em todos os países.
É uma tragédia que, com o espantoso avanço da ciência, o homem esteja degenerando para um estado de selvageria civilizada, aniquilando as virtudes básicas que conferem dignidade e encanto à natureza humana. Nossa educação se transformará em desperdício colossal e objeto de motejo se não inspirar nos jovens uma fé duradoura nas Verdades Eternas e não conseguir neles instilar um senso verdadeiramente estético que considere a vida como uma magnífica oportunidade para a realização da perfeição. É conveniente lembrar que as escolas e as universidades não são simples estruturas de tijolo e argamassa, construídas para abrigar milhares de jovens com energia exaltada, durante a maior parte do dia. As escolas e universidades são oficinas de sabedoria, sementeiras de caráter, cidadelas de disciplina, arsenais de democracia e viveiros da nação, preparando

Corações puros, mentes fortes,
Fé verdadeira e mãos hábeis,

Homens a quem a avidez pelos cargos
Não pode aniquilar;

Homens que têm opinião e vontade
Para expressar.

Por isso, se as nossas instituições educacionais quiserem cumprir sua sublime finalidade, terão de ser transmutadas em centros de cultura.
A educação da juventude se constitui em responsabilidade associada que deve ser assumida por diferentes pessoas. Os professores, naturalmente, nela desempenham papel importante. Uma instituição educacional reflete aquilo que seus professores dela fazem, e os professores são aquilo que seu Diretor ou Reitor os inspira ser. Nem sempre é correto culpar os jovens quando as coisas andam erradas nas instituições educacionais. Os professores têm de compreender que não são compêndios animados cuja ação é a de transmitir partículas desconexas de conhecimento contidas na letra morta dos textos, e sim condutos vivos, cuja missão é a de transferir energia moral e espiritual por meio de instrução ilustrativa e influência pessoal.A mente do jovem não é uma grande lata de lixo na qual possam ser convenientemente lançados montes de conhecimento, mas um organismo vivo que tem de ser estimulado para a atividade criativa. O trabalho do professor, portanto, não é apenas instruir, mas persuadir.

DISCIPLINA E CARÁTER

 

DISCIPLINA E CARÁTER

A degeneração aflitiva nos padrões de trabalho e conduta tão em evidência entre a juventude nos dias que correm, é devida, em grande parte, ao fato de que o professor abandonou ou desistiu de seu comando moral. A maioria dos professores não é capaz de impor o respeito que é sua prerrogativa por força de seu nobre trabalho. Os estudantes de hoje são, no verdadeiro sentido, os construtores do amanhã, em cujas delicadas mãos treme o futuro destino do país. É, portanto, dever dos professores que se incumbiram da tarefa importante de moldar os cidadãos embrionários, treiná-los em disciplina e caráter, para que possam assumir suas responsabilidades condignamente quando chegar a ocasião.
Constitui dever moral, exigido dos professores, o manter o jovem sob controle razoável. É perfeitamente possível mostrarem-se rigorosos sem se tornarem-se ásperos e firmes sem se tornarem cruéis. Isto não significa que eles deverão brandir sua autoridade e intimidar o jovem até a submissão. O medo jamais poderá fazer um prosélito sincero: faz inabaláveis rebeldes e covardes. Os professores devem despertar no jovem um respeito sagrado que nasça da reverência e não um medo covarde que decorra da incapacidade de reação. Isto eles poderão conseguir se forem absolutamente sinceros e ardorosos no cumprimento de seus deveres elementares e compreensivos e imparciais em suas atitudes para com os estudantes. Quando os jovens percebem que os professores trabalham delicadamente para o seu progresso em todos os sentidos, passam a idolatrá-los e a indisciplina jamais sobrevirá.
O professor deve se tornar um exemplo solene para seus alunos, em todos os sentidos, suas palavras, gestos e ações, imbuídas com senso de disciplina para que sua vida transparente se torne um compêndio luminoso sobre ética dinâmica. Os estudantes que crescem à imagem de seus professores absorverão, então, inconscientemente, os elementos essenciais de um nobre caráter. A responsabilidade do professor nesse sentido tornou-se maior devido à penetração de vários elementos prejudiciais que tentam corromper a mente dos jovens e neutralizar a influência salutar da instrução organizada.
Os professores dotados de disposição mental e capacidade adequadas só podem transformar a educação em influência poderosa para o bem. É verdade que o quinhão dos professores deverá ser consideravelmente aumentado como ato de mera justiça; todavia, não é correto imaginar-se que os seus vencimentos devam ser exagerados para “atrair” o tipo correto de homem e mulher para a profissão. A “atração”, com o propósito de excitar a cobiça abjeta, tem em si mesma um elemento que toca a vulgaridade. Ao contrário, caso se queira galvanizar a educação, homens e mulheres imbuídos de fé e fervor deverão “gravitar” para a profissão com disposição para trabalhar dedicadamente. O perigo é que, quando apenas as possibilidades materiais do professor são salientadas, haverá luta pela profissão e os que forem realmente bons poderão ser alijados na competição. A educação nas mãos daqueles que não acreditam na vocação e à força abriram caminho para o magistério por meio de auxílio fortuito devido às ninharias resplandecentes que se agitavam à sua frente, poderá se tornar uma calamidade em vez de benefício.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O lar e a escola

É desastroso que os pais freqüentemente se esqueçam de que têm de desempenhar papel importante na educação da juventude. O lar deve ser tanto uma réplica da escola quanto a escola um prolongamento do lar. Os pais são os primeiros professores e os professores os segundos pais. Eles devem, portanto, estender sua cooperação esclarecida aos professores e fortalecer a influência da escola por observação contínua e controle eficiente sobre o jovem no lar. Mais do que isto, o exemplo de sua conduta deverá ser digno de emulação.
Caso se queira fazer da educação da juventude uma influência benéfica, os poderes competentes deverão também estender aos professores toda a proteção e auxílio. Devam dotar os professores com poder suficiente para enfrentar adequadamente os casos de indisciplina juvenil, e se colocarem ao lado dos professores a qualquer preço. Ai da educação se as pessoas no poder se entregaram a pânicos freqüentes sob a mórbida influência da crítica insensível, e profanarem a imagem da majestade do professor! É realidade dolorosa que, por um falso senso de cavalheirismo democrático aos jovens, seja conferida excessiva liberdade, atribuindo-lhes importância extraordinária.
Não compete aos jovens que se dirigem às escolas e universidades indagar por que e, sim, modificarem-se e transformarem-se em refinados espécimes de cidadãos cultos. Eles devem compreender que, a despeito de quão precoces possam ser, não podem reivindicar a madura experiência da idade que apenas se evidencia pela participação em diferentes e inúmeras situações da vida, durante longos anos. A humildade é prova inequívoca de cultura; o autodomínio, a essência da disciplina; a educação se transforma em recurso valioso apenas quando é iluminada pelo caráter. Se os jovens possuem a necessária sabedoria amadurecida para decidir qual o curso de ação que o governo deverá adotar com respeito às importantes questões nacionais de amplas conseqüências, o tipo dos indivíduos que devem dirigir as instituições educacionais e estabelecer programas, a maneira pela qual devem ser conduzidos os testes para determinar o valor e a diligência dos estudantes e a formulação de princípios para a determinação do progresso acadêmico, então não será necessário que freqüentem instituições educacionais para receber instrução, pois estarão desperdiçando tempo e energia.
Conseqüentemente, se os jovens, devido a excesso de confiança nos impulsos, se desviarem das normas de conduta estabelecidas, o governo terá de exercer sua autoridade e poder para trazê-los novamente à sensatez e sobriedade, sem ceder aos sentimentalismo tolo que hesita em coibir a liberdade caprichosa de indivíduos desencaminhados. É repugnante notar que os atos indecorosos da juventude são voluvelmente desculpados com superabundância de argumentos insípidos. Se as condições forem ideais, os padrões de conduta toleráveis merecerão apenas ligeira menção encomiástica. Somente quando as condições não são favoráveis e quando obstáculos sérios desencorajam o esforço sincero e tremendas desigualdades põe a prova a paciência, deve ser estabelecido um senso de disciplina para fixar a conduta.
Portanto, o jovem deve, necessariamente, com empenho deliberado, ser instruído em boas maneiras, conduta decente e atitudes corretas. Com toda a eficiência persuasiva da autoridade moderada, os jovens têm de ser levados a compreender a suserania da lei moral e a necessidade de obedecê-la. A instrução ética, organizada em linhas disiplinadas e conducentes à descoberta do Espírito, que é a Realidade final, deve se constituir na parte mais importante de toda a instrução, para que a educação se torne uma benção para a juventude.

(Reimpresso do Bhavan’s Journal de 16 de Julho de 1967)

O PAPEL DA CULTURA HUMANISTA

Eduardo Teixeira, FRC.


A Educação orientou-se para "fora", preparando caminho para múltiplas especializações. Todas as formas de conhecimentos, insuficientes por si próprias para assegurarem aos jovens uma posição social economicamente orientada, foram progressivamente abandonadas. A juventude, sentindo, ainda que de forma nebulosa, a perda de identidade, lançou-se numa busca quase desesperada de novos valores.
Essa reação desamparada de filosofia, que pudesse definir o verdadeiro sentido da liberdade, redundou, como é facilmente compreensível, em comportamentos distorcidos e, conseqüentemente, não logrou de imediato a compreensão da sociedade. Instalou-se, dessa forma, uma crise de proporções imprevisíveis. Em algum momento, entretanto o senso comum foi mobilizado e surgiu aquilo que presentemente constituí opinião unânime daqueles que se ocupam com a tarefa da Educação: a conscientização da necessidade de reformulação dos métodos e da qualidade do ensino.
Toda a crise é fruto de extremismo. Afortunadamente, qualquer tipo de extremismo conduz o germe de sua própria regeneração.A História é testemunha de que toda a crise de grande estrutura decorre do enfraquecimento do sentido de humanidade e da inversão de valores que sustentam a sociedade humana. A restauração desses valores está em íntima relação com o desenvolvimento de uma cultura humanística.A valorização do Homem, integralmente considerado, como objetivo da cultura humanística, é o ponto de partida para qualquer reforma educacional.
O Misticismo promove o encontro do Homem com o seu Deus Interior e a consecução dos mais sublimes objetivos da existência. Por isso tem o poder de harmonizar ciência e humanismo, influindo positivamente numa educação substancial da juventude, responsável por seu destino e participante indispensável no plano evolutivo do Cósmico.

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quarta-feira, 14 de julho de 2010

Submissão inconsciente

Observamos nesta época da informação que somos bombardeados a todos os momentos, através de todas as formas possíveis com milhares de informações. Muitas destas informações são absorvidas pela mente sem que a informação seja devidamente analisada e sem as devidas ponderações necessárias para uma tomada de decisão e conclusão sobre a informação oferecida. Devido a este fato, somos facilmente influenciados inconscientemente pelas informações. Esta influência ocorre de forma muito sutil, sem que percebamos o que esta ocorrendo em nossa mente.

Uma das formas mais comuns e eficazes de influenciarem as mentes das pessoas, de forma sutil e sem que percebam que estão sendo influenciadas é através da propaganda. Observamos que a propaganda é veiculada de todas as formas, todos os dias e várias vezes. O que ocorre é que através da propaganda somos influenciados inconscientemente. Ao tomarmos contado com a propaganda e sendo a propaganda sobre o mesmo assunto, na maioria das ocasiões não damos importância ao que esta sendo enfocado na propaganda, mas inconscientemente, estamos registrando em nossa mente a informação. Quanto maior contato tiver com a mesma informação que compõe a propaganda, sutilmente a mente vai inconscientemente registrando e fixando a idéia transmitida pela propaganda, e esta informação que antes não tinha importância alguma, começa a influenciar e determinar nosso pensamento.

Hoje, através das técnicas de marketing estas informações que aparentemente não possuíam nenhuma importância, passam a um estágio de importância maior na mente do que poderiam possuir. Uma forma muito comum utilizada pelo marketing da propaganda é dizer que se possuirmos certo produto, este produto irá promover o bem estar e alegria, dando a impressão de que para termos satisfação pessoal devemos obter este ou aquele produto específico. É desta forma bem sutil, e através destas diversas formas sugestivas que somos facilmente influenciados e sem percebermos o consumo de determinado produto passa a ser incorporado de forma permanente no cotidiano. Quanto maior o número de pessoas influenciadas, maior será o alcance da informação e conseqüentemente maior será o domínio e a manipulação de forma muito sutil da mente do ser humano.

Não só através das técnicas de marketing é possível, de forma sutil, a manipulação da mente humana. Através do grupo social a que pertencemos, também ocorre a manipulação da mente; e a forma mais comum e eficaz é através das informações espalhadas pelos indivíduos que fazem parte do mesmo grupo social sobre um determinado assunto e de diferentes formas e aspectos de apresentar a informação. Deste modo, assuntos não possuidores de grande importância passam a ser até determinantes para um indivíduo ou indivíduos que pertençam ao grupo social. De acordo com o tipo de informação veiculada no grupo social, esta informação pode ser distorcida da informação original, e quanto maior contato a mente tiver com esta informação referente ao mesmo assunto e de formas diversas, sutilmente sem percebermos, os registros destas informações distorcidas ou não realizados pela mente, promovem conflitos individuais e até mesmo entre membros de um mesmo grupo social, e poderá também afetar todo o grupo.

Devemos, portanto, ficarmos atentos a todas as informações que nos apresentam, e ponderarmos a informação decidindo se a informação oferecida e a ponderação realizada não afetarão e influenciarão de forma determinante nosso cotidiano.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O SINAL DA CRUZ

O SINAL DA CRUZ

Samuel Rittenhouse

Há várias dezenas de espécies de cruz. A cruz é um símbolo arcaico e que antecede o cristianismo. Está presente em praticamente toda as culturas do mundo. Talvez a Tau antiga, a cruz em forma de T, usada pelos egípcios e fenícios, seja a mais antiga de todas. Há, ainda, a Cruz Ansata, a Céltica, a Grega, a Budista etc. A Suástica, popularizada de forma muito negativa na Segunda Guerra, é muito antiga, talvez mais antiga ainda que a Cruz Tau, e é usada de várias formas nas culturas hinduísta e budista, bem como encontrada entre os índios norte-americanos. O significado original desse tipo de cruz é o movimento cósmico ou energia criativa universal. Nada tem a ver com a ideologia perversa do nazismo, que se apropriou dela e a deformou.

A cruz é formada do ponto, que se expande em duas direções, formando linhas que se cruzam, que representam dois estados ou condições: a matéria e o espírito. A linha horizontal representa a primeira, a vertical o último. Este é o conceito da dualidade expresso pela cruz.

Além da dualidade, a cruz simboliza o surgimento de uma terceira condição pela união dos contrários. Onde as duas linhas se cruzam na cruz, surge uma nova manifestação. Assim, a cruz também ensina que muitas coisas unitárias são o resultado da união de duas energias dessemelhantes. A união do espírito e da matéria faz surgir, no ponto onde os dois cruzam-se na cruz, a consciência de uma nova condição.

O símbolo místico dos Rosacruzes é uma cruz com uma única rosa vermelha no centro. A cruz simboliza o corpo material e as provas terrenas. A rosa simboliza a consciência humana evoluindo por meio dessas mesmas provas, rumo à perfeição final.

É interessante saber que a palavra “rosa” nos dicionários primitivos era explicada como tendo sua raiz na palavra “rocio”, um eflúvio especial usado pelos alquimistas medievais para fins de purificação. Unidos, a rosa e o rocio simbolizam o despertar de uma consciência que transcende o nível objetivo e se remete a uma dimensão cósmica e infinita, fazendo de seu possuidor um “iluminado”. A partir daí, a rosa não precisa mais da cruz para evoluir.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O devir de uma gota d'agua - Um conto alquímico

Por DIEGO CERRATO, FRC
Recordo que tudo era azul profundo, cinza insensível, homogeneidade infinita. No seio de minha mãe Oceano só existe o sono mudo, o prazer intenso de uma eterna letargia cujo sentido começa e acaba em si mesmo; esgota-se no não duvidar, no não pensar, na continuidade do êxtase originário. Na realidade, minhas recordações não são capazes de penetrar tamanha profundidade. Uma quietude gelada absorve as imagens voláteis em uma névoa difusa e oferece alternância de misteriosos mitos gratificantes, que alimentam a mais estranha e temerária imaginação.
Os esforços incertos por rememorar meu passado mais distante projetam em minha mente uma grande compulsão. Não sei como pude passar da minha letargia divina original a tão agitado existir. Uma intensa corrente começou a elevar-me em espiral de forma vertiginosa até envolver-me em minha primeira vibração. Hoje sei que fui transportada por gigantescas ondas em uma tormentosa noite, cuja obscuridade era rasgada sem cessar por raios implacáveis. Foi como uma intensa explosão de vida arrasando a superfície do oceano, deixando em sua carícia furiosa uma tímida camada de consciência fragmentada pela espuma. Nestas condições comecei minha primeira viagem, navegando sem espaço e sem tempo, sem rumo, abandonada nos braços da minha mãe.
O vento me agarrou em suas mãos, precipitando um inesperado parto aéreo. Breve e rápido êxtase onde pela primeira vez, atravessada por um instinto irracional, me dei conta de que era um ser; uma gota de água recém-chegada ao reino de Isis, minha protetora. Estranho instinto, primeira semente de pensamento que adornou minha mente, começo da peregrinação que hoje quero relatar ao coração perdido que me escuta.
Desta maneira cheguei a Terra: acabada de nascer; quis o destino conceder-me um elevado êxtase, fazendo transpassar a enorme imobilidade que domina as minhas menos favorecidas irmãs. Graças ao vento, à providência ou quem sabe por simples acaso, se me outorgou um poroso vaso de silício e húmus que prendeu a chispa, aguilhão de minha consciência, dúvida eterna, quintessência da transfiguração. Esta foi, não obstante, minha primeira dor, minha primeira angústia: a submersão na terra que me acolhia.
Comecei a descer lentamente, deslizando entre partículas de silício e restos orgânicos, em meio a uma obscuridade absoluta e hermética. E foi assim que brotaram muitas criações de pensamentos, infinitas perguntas sem respostas, alimentando a dinâmica masoquista de minha desesperada curiosidade, inócua ante tanto desespero: quem sou? Por que estou aqui? Por que penso? Que tenho que fazer? Que sentido tem tudo isto? ... Queria analisar o que até então havia ocorrido, o que estava ocorrendo e o que poderia ocorrer. Minha mente estremecia em um mar de confusão, enquanto eu continuava descendo. Não queria tocar nunca o fundo, porém não foi assim. Cheguei a uma superfície cinza, sólida e compacta, sendo acolhida por uma de suas entidades metalóides. Não tardei em saber que se tratava de um cristal de galena (sulfeto de chumbo). A galena foi o primeiro ser que manteve uma relação amistosa comigo. Vendo-me desesperada, aturdida e desorientada, não hesitou em amparar-me.
- Bem-vinda, querida borbulha aquosa do imenso oceano. Está confusa?
- ... S... sim.
- Nada que desça em tuas mesmas condições deixa de perceber minhas radiações pesadas. Compreendo que isto gera angústia, porém diga-me: isto não é sedutor? Se não fosse, como trabalharia o pensamento?
- Pois... pensando. Está claro, não?
- Sim, muito claro. Porém... acaso não é o pensamento um reflexo de algo? Esse diálogo do ser consigo mesmo, ao qual chamamos pensamento, não reflete a natureza da própria consciência? Um mesmo ser se pergunta e responde. Não estão nele a pergunta e a resposta? Tua mente é o olho de compreensão que se desdobra em todos os seres pensantes do universo. É o olho que tudo vê. Porém não te incitarei mais ponderando o aspecto mental próprio de futuras experiências; o importante agora é que sintas, que abras teu coração para sentir sua pulsação autêntica, seu aroma inconfundível e intransferível. Chegaste a mim envolta em salitre, pesado lastro que obscurece tua vontade e teu entendimento, cadeia que avilta as intenções mais sensatas em cegos arroubos labirínticos. Aqui, onde pousaste, tenho uma grande quantidade de chumbo que absorverá teu salitre como uma esponja selvagem. Sentes sua ação?
- Sim..., estou me limpando, sou mais transparente.
- Bem, só passou um momento. Espera uns minutos veja. Podes deslizar até aquela vala que vê mais abaixo. Perceberás que tem maior conteúdo em prata.
- Oh, sim... realmente. Me encontro mais leve, mais feliz, mais plena. Estou deixando de interessar-me por essas terríveis perguntas que continuamente me bombardeavam sem piedade e sem descanso. A prata que me ofereces embriaga minhas emoções, minha imaginação, meus sonhos. Sim, meus sonhos, porque sonho acordada, maravilhada pelo simples fato de estar envolvida em uma estranha magia que me apaixona. É.. como se houvesse acendido um pequeno fogo que inflama meu coração.
- Sim, você disse: um fogo. É a chama do amor, que inunda com seu êxtase os corações limpos, os pensamentos puros os desejos sinceros. É fácil acender a chama, eliminando o salitre das egoístas paixões baixas, deslizando-se na cândida radiação da prata; porém há quem prefira ver-se manchado por estranhas cores ao invés de atrever-se a reconhecer sua nudez.
- Não é minha intenção reter-te aqui para sempre, ainda que sua alegria seja minha alegria. Aproveite o prateado intenso que possui agora e sonhe, sonhe sem cessar, o importante é que sonhes, pois o único fim do teu sonho deve ser a fonte de amor que não se esgota, que derrama seus eflúvios, convertendo os desertos em frondosos jardins.
E assim me senti possuída por um intenso desejo de sonhar amando, de amar sonhando. Não me dava conta de que pouco a pouco começava a ascender. Ao eliminar o salitre fui atraída por um efeito osmótico que suavemente me arrastava para a superfície do vaso de silício. .
Não tardei a encontrar uma estranha rede de finos pêlos absorventes que roubam impunemente todo o material abandonado mais próximo da superfície. Empenhei-me em evitá-los, para que minha ascensão não fosse bloqueada, e quando me dei conta, havia sido sugada em direção de uma raiz por um daqueles filamentos. Fui parar em uma espécie de túnel, chamado vaso lenhoso, onde me esperava amavelmente uma gota de seiva.
- Bem-vinda, gota de água. Estava te esperando, enquanto observava tua delicada ascensão. Acabas de entrar no reino onde RA constrói o mistério da vida. Os corações sensíveis alcançam a virtude pelo conhecimento, por isso são bem recebidos. Acompanhe-me.
Percorremos largos corredores verticais cruzando com peculiares seres silenciosos.
Uns eram alcalóides, outros taninos e minerais diversos, óleos essenciais... Todos pareciam saber perfeitamente seu destino.
A passagem começou a mudar ligeiramente sua inclinação e suas dimensões se estreitaram consideravelmente. A gota de seiva se deteve:
- Vamos entrar agora em um dos nossos templos sagrados. Ao teu olho será permitido ver a estrutura fisica que encerra o mistério da vida, porém só ao teu coração pode ser revelado o Grande Arcano.
Tendo acabado de falar, fomos absorvidos por uma suave membrana que nos transportou ao interior de uma célula. A gota de seiva me indicou que devia prosseguir sozinha e que ela me esperaria no interior de uma vacuola.
Tinha diante de mim, todo um labirinto de retículo endoplasmático para aceder a um dos poros da envoltura nuclear, sancto sanctórum do Templo. Apesar de ser complicado o trajeto, fui guiada com exatidão por multidões de ribossomos ao longo do caminho. Não pude evitar assombrar-me através de certas janelas que com freqüência apareciam. Graças a elas descobri estruturas sagradas de um potente conteúdo energético. Ali estavam laboratórios alquímicos que transmutam as energias mais sutis da própria vida. Por um lado, as mitocôndrias, onde se realiza a alquimia do oxigênio. Por outro, os cloroplastos,transformando as radiações diretas do próprio RA. Esta era a fábrica da Força Vital, que passava a ser empacotada em pequenas unidades para ser repartida por todo o templo vivente que nos continha. Realizar-se-á em algum outro local uma alquimia tão perfeita? No que me diz respeito, os meus olhos jamais viram tão secretos e silenciosos trabalhos.
Prossegui, tentando vencer a paralisia produzida em mim por tamanha fascinação.Um dos poros da membrana nuclear não tardou em estar ao alcance da minha visão. Silêncio... Tudo se recolhia à minha passagem, ficando o ambiente emudecido, sagrado. Aproximei-me lentamente e atravessei com semblante sereno a abertura inexplorada.
Diante de mim se descortinava a estrutura arcana do mistério da vida: o DNA. Não podia deixar de olhar aquela cromátida rodeada de uma auréola luminosa, sublime. Outra vez me vi possuída por uma estranha embriaguez, porém desta vez havia algo novo. Não era a embriagues sensual do estado de prata, porém algo parecido com uma claridade cristalina que desceu sobre mim enquanto observava, com o olhar absorto, aquele pensamento de Osíris tornado real. Era a inteligência divina, o Espírito Santo que rasgou minha alma, oferecendo-me o mais puro ouro hermético. Não tenho palavras que possam descrever a transmutação espiritual desse momento. Senti que o que estava previsto se havia consumado e iniciei o caminho do regresso.
Reencontrei-me com a gota de seiva. Seus olhos sorriram com satisfação e ternura ao ver-me chegar. Não tinha nada a acrescentar, nada que esclarecer. Simplesmente convidou-me a segui-la novamente.
Saímos daquele templo sagrado e reiniciamos a marcha pelo vaso lenhoso. Sou conduzida a um lugar mais elevado, conhecido como "A Torre da Rosa". Minha atenção volta-se para o fato de que tudo começa a tomar uma tonalidade rubra. Havíamos finalizado nossa viagem em uma das pétalas de uma jovem e viçosa rosa vermelha. Ali, a gota de seiva despediu-se.
- Foi um prazer contribuir com tão elevado propósito. Meu serviço está concluído. Esperarás sentada aqui até que passe a noite. Ao amanhecer, outros horizontes te esperam. Paz profunda, irmã. E retirou-se cortesmente.
Passei uma longa noite sozinha, porém não me importei. Estava digerindo pouco a pouco o resplendor da minha experiência imediata, que por si só constituía o único alimento indispensável para a alma.
E foi amanhecendo. A luz começou a dissipar as trevas da noite: estava chegando o momento da transfiguração.
Quando o sol despontou no horizonte, meus olhos se fecharam docemente. Só que quando voltei a abri-los, estava no interior da pétala como gota de puro orvalho imaculado. No Leste, o Sol grandioso e rubro, com sua perfeita e divina geometria; no Oeste, a Lua tímida, prateada, celeste. Um invisível fogo aqueceu meu corpo, dilatando meu ser com estranha perfeição. Transformei-me em um halo vaporoso que rapidamente começou a elevar-se rumo ao céu infinito. Novamente, o elemento ar foi o suporte do meu segundo nascimento. A glória da minha ascensão escapa deste relato, pois as palavras trariam somente confusão sobre sua essência.
Acabarei dizendo que uma nuvem condensou novamente meu corpo numa arquetípica gota, que terminou fundindo-se na mãe oceano. Ali permaneço infinita, impessoal, atemporal, eterna. E a partir daquele momento, a Mãe Oceano ficou mais sábia, mais pura, mais perfeita.

* Traduzido de "O Rosa+Cruz" n° 9, outono 1995, Grande Loja Espanhola.
Notas:
1. As vacuolas são estruturas celulares, muito abundantes nas células vegetais, contidas no citoplasma da célula. Seu conteúdo é fluido, armazenam produtos de nutrição ou de refugo.
2. O retículo endoplasmático tem função de transporte servindo como canal de comunicação entre o núcleo celular e o citoplasma.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Mensagens milagrosas da água

 
Realizando minhas pesquisas na net, encontrei este trabalho muito bem feito no site http://www.caminhosdaluz.org/ sobre as transformações pelas quais o cristal de água passa quando são inseridos diversas formas de vibrações, sejam elas emocionais, por vibrações de cordas musicais e até mesmo através de vibrações postas em forma de escrita próximo aos cristais. Com base nas pesquisas realizadas pelo Dr.. Masaru Emoto, e sabendo que nosso corpo é composto na maior parte por água, imaginemos agora como a água de nosso corpo reage ao sermos agredidos e ao agredirmos ao próximo. Imaginemos ainda o que ocorre no nosso corpo quando ficamos com sentimentos de raiva, rancor, inveja, etc… Ao contrário do que pensamos todos os nossos pensamentos sejam eles negativos ou positivos, influenciam de forma permanente o nosso estado de saúde. Pessoas que cultivam o bom humor, a paciência e a paz de espírito possuem um semblante mais ameno, deixam-se notar facilmente o quando estão com paz de espírito; esse semblante tão ameno também é influenciado pela forma que os cristais da água estão em nossas células. Pessoas que cultivam mais a inveja, o mal humor, não possuem um semblante tão ameno, pois os cristais de água presente nas células agem e respondem da mesma forma aos vários tipos de vibrações a que estão expostas no dia a dia.
Com esse trabalho o Dr.. Emoto nos mostrou a importancia de estarmos sempre em sintonia com o planeta, com o Cósmico, desta forma estaremos cultivando em nosso espírito e nosso corpo as mais altas vibrações de paz. Se a água reage destas formas as várias vibrações emitidas, imaginemos agora o que ela não é capaz de fazer ao nosso corpo ao reagir as nossas próprias vibrações?

MENSAGENS MILAGROSAS DA ÁGUA



COMO A ÁGUA REFLETE A NOSSA CONSCIÊNCIA
A água tem uma mensagem importante para nós. A água nos está dizendo para olhar mais profundamente para nós mesmos. Quando nos vemos através do espelho da água, a mensagem se torna surpreendentemente clara. Sabemos que a vida humana está conectada diretamente com a qualidade da nossa água, tanto dentro quanto ao redor de nós.
Estas fotografias e informações refletem o trabalho de Masaru Emoto, um pesquisador japonês. Ele publicou um livro importante, “A mensagem da água”, baseado em seus achados nas pesquisas que fez em todo o mundo. Se você tiver alguma dúvida de que seus pensamentos afetam tudo em você e ao seu redor, as informações e fotografias aqui apresentadas, tiradas do livro, mudarão a sua mente e alterarão profundamente suas crenças.
Com o trabalho de Emoto, temos evidências factuais de que a energia humana vibracional, os pensamentos, as palavras, as idéias e a música afetam a estrutura molecular da água, a mesma água que compõe 70% do corpo humano maturo e cobre a mesma porcentagem do nosso planeta. A água é a fonte de toda a vida neste planeta e sua qualidade e integridade são vitalmente importantes para todas as formas de vida. O corpo é semelhante a uma esponja e é composto de trilhões de células que contém líquidos. A qualidade de nossa vida está diretamente ligada à qualidade da nossa água.
A água é uma substância muito maleável. Sua forma física se adapta facilmente a qualquer ambiente. Mas sua aparência física não é a única coisa que muda: sua forma molecular também se altera. A energia ou as vibrações do meio ambiente mudarão a forma molecular da água. Neste sentido, não somente a água tem a capacidade de refletir visualmente o meio ambiente, mas ela reflete este meio ambiente também a nível molecular.
Emoto tem documentado visualmente estas modificações moleculares através de suas técnicas fotográficas. Ele congela gotículas de água e as examina em fotomicroscópio de campo escuro. Seu trabalho demonstra claramente a diversidade da estrutura molecular da água e o efeito do ambiente nessa estrutura.
A neve tem caído na Terra por milhões de anos. Cada floco de neve tem sua forma e estrutura únicas. Congelando a água e fotografando a estrutura como Emoto tem feito, consegue-se informações incríveis a respeito da água.
Emoto descobriu muitas diferenças fascinantes nas estruturas cristalinas da água de muitos locais diferentes e com condições diferentes, ao redor do planeta. Águas de nascentes e fontes nas montanhas mostram os lindos desenhos geométricos em seus padrões cristalinos. Água poluída e tóxica de áreas industriais e muito populosas, assim como água estagnada de caixas d’água e represas mostram estruturas cristalinas definitivamente distorcidas e formadas sem ordem.
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1. Fonte de água de Saijo, Japão     
2. Fonte de água de Sanbuichi Yusui, Japão
3. Gelo Antártico



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1. Rio Horobetsu, Hokkaido
2. Fonte Metori Yusui
3. Rio Shimanto, Kochi
4. Geleira do Mont Cook,
Nova Zelândia


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1. Fonte em Lurdes, França
2.
Lago Bikawo, o maior lago no centro do Japão. Aí a poluição está piorando.
3. Contaminação, Rio Yodo,  Japão,que desagua na baia de Osaka


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1. Represa Fujiwara, antes de ser oferecida uma oração
2. Represa Fujiwara, depois de ser oferecida uma oração


Com a recente popularidade da musicoterapia, Emoto decidiu observar os efeitos que a música tem na estruturação da água. Ele colocou água destilada entre dois alto-falantes durante algumas horas e então fotografou os cristais que se formaram após a água ter sido congelada.

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1. “Pastoral” de Beethoven
2. Ária na Quarta Corda”
de Bach 
3. Sutra do Tibete



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1. "Variações de Goldberg”
2.Dança folclórica Kawachi
3. “Hado” – música curativa



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1. “Farewell” de Chopin
2. Música Heavy Metal

Após verificar que a água reage a diferentes condições ambientais, à poluição, à música, Emoto e seus colaboradores decidiram observar como os pensamentos e as palavras afetam a formação de cristais em água destilada, não tratada, usando palavras datilografadas em papel e coladas à parte de fora de garrafas de água, durante uma noite. O mesmo processo foi realizado utilizando os nomes de pessoas já mortas. As águas foram então congeladas e fotografadas.
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1. Água destilada não tratada
2. Amor e Estima
3. Obrigado

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1. Você me enoja. Eu vou te matar.
2. Adolph Hitler
3. Madre Teresa

(papéis escritos pregados nas garrafas)



Estas fotos mostram as incríveis reflexões da água, enquanto viva e altamente responsiva a todas as emoções e sentimentos de todos. Está claro que a água facilmente incorpora as vibrações e a energia de seu meio ambiente, seja ele tóxico ou poluído ou naturalmente puro.
O trabalho extraordinário de Masaru Emoto é uma demonstração incrível e um instrumento poderoso que pode mudar para sempre nossas percepções de nós mesmos e do mundo no qual vivemos. Agora temos uma evidência profunda de que podemos nos curar e transformar positivamente o nosso planeta pelos pensamentos que escolhermos pensar e pelos meios através dos quais colocamos esses pensamentos em ação.
As fotografias utilizadas até aqui são do livro " The Message from Water," de Masaru Emoto.
http://www.wellnessgoods.com/art_wat_messages.html http://www.adhikara.com/pagine/water-20.htm

Colocamos agora algumas ilustrações de cristais de neve, da maneira como eles se formam na natureza, sem contaminação de qualquer poluição, física, mental ou de qualquer outra origem.

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http://www.its.caltech.edu/~atomic/snowcrystals/gallery00/snow00.htm  http://www.its.caltech.edu/~atomic/snowcrystals/photos/photos.htm
(papéis escritos pregados nas garrafas)

terça-feira, 23 de março de 2010

A MEDITAÇÃO

Robert E. Daniels, F.R.C.
Hoje a meditação é assunto comum na conversas. Todavia, o assunto não pode ser tratado descuidadamente. Tem uma força e um sentido pouco apreendidos pelo estudante comum. A meditação é um dos mais importantes recursos para atingirmos o objetivo que buscamos. Há, naturalmente, quem ache que ela seja a única técnica necessária para se alcançar maior compreensão da vida, mas ela é um dos recursos e meios para isso, não o único.
Os ensinamentos Rosacruzes propõem uma técnica especial, desenvolvida através dos séculos, pela qual o Eu é inteiramente preparado para alcançar a completa harmonia e identificação com a Consciência Divina. Seria ilusório sugerir que apenas um único método poderia abrir caminho para essa realização. Contudo, a meditação nos prepara como nenhuma outra técnica, pois através de sua prática regular edificamos uma ponte entre nossa consciência e a alma interior.
Esse contato com o Eu Interior pode surpreender e mesmo contraria muitas das idéias que mantemos no momento sobre nossa vida ou assuntos específicos. O elevado padrão ético de conduta que ele nos infundirá poderá desapontar muitas pessoas. É por isso que muitos abandonam a prática mística da meditação, pois ela nem sempre justifica o que pensamos ser certo e bom para nós e para os outros.
Na meditação precisamos estar perfeitamente relaxados e desligados do nosso ambiente físico. Então, dirigimos nossa consciência para o íntimo através da concentração e, com o desejo sincero e profundo amor em nosso coração, harmonizamos nossa consciência com o Eu Interior. Devemos então nos manter completamente passivos e intimamente receptivos. Quanto maior a necessidade e quanto maior o amor em nosso coração enquanto meditarmos, maior será nosso proveito.A resposta ou a inspiração poderão vir no momento da meditação ou mais tarde. Isso não importa.
Devemos nos colocar em meditação apenas poucos minutos, uma ou duas vezes no dia, se possível. Períodos mais longos não aumentam a eficácia da meditação. O que importa não é a quantidade mas a qualidade de nossa experiência.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

AS TRIBULAÇÕES DA VIDA

Há tempo que não posto no blogger, não por falta de tempo, mas por não ter o que compartilhar. Não havia muito o que expressar; mas devagar vamos voltar a blogar. Achei um texto interessante que irei reproduzir que nos diz respeito as Tribulações da vida. Um texto para reflexão, que explica o porque dessas tribulações que acontecem em nossas vidas e muitas vezes não entendemos e sempre nos perguntamos - Porque aconteceu isso comigo? - essa pergunta que fazemos com frequencia. Transcrevo o texto abaixo e que ele ajude a entendermos a razão de tantas tribulações em nossas vidas.


AS TRIBULAÇÕES DA VIDA



Robert E. Daniels, F.R.C.

O fardo da vida freqüentemente nos oprime duramente, destruindo a harmonia e a paz de nossa mente ou consciência, trazendo ansiedade, preocupação e, às vezes, desespero. Essas tribulações, embora difíceis de suportar, são muitas vezes necessárias, visto que em nosso desejo de coisas importantes na vida, causamos uma reação interior. A tribulação parece um contratempo, mas na realidade constitui uma oportunidade de aprendermos uma lição importante e removermos um obstáculo à consecução que desejamos.

Estamos tão acostumados a culpar outras pessoas das nossas dificuldades, de nossos problemas, que não percebemos que o nosso Carma pessoal está nos ensinando uma valiosa lição, necessária no momento. Se conseguirmos enxergar para além de nossa frustração, veremos a sabedoria do Cósmico atuando em nosso favor, ainda que estejamos feridos.

Por conseguinte, provocamos os nossos próprios problemas com o nosso desejo de melhorar. Isso parece paradoxal, mas é exato. Entretanto, nossos pensamentos negativos durante os períodos de prova tornam a experiência mais difícil de suportar. Se, porém, permitíssemos que a nossa consciência se harmonizasse intimamente, de modo que o Eu Interior pudesse expressar-se, perceberíamos mais claramente a Sabedoria presente em nossas tribulações cotidianas.

Ao harmonizarmos nossa consciência todos os dias, por meio da meditação, com a Divina Consciência Universal em nosso âmago, permitirmos que as Forças Espirituais guiem nossa vida e nossas atividades. Então, o amor, a lei que torna todas as coisas possíveis, permitirá entendermos nossas ocasionais tribulações como um aspecto do divino desabrochar que está ocorrendo em nosso interior.