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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Do uso dos sentidos

Não te gabes com vaidade do teu corpo, porque foi formado primeiro; nem da tua mente, porque resida ali tua Alma. Não é de se prestar mais honras ao dono da casa do que às paredes?

É necessário preparar a terra antes de semear os grãos; o oleiro deve construir o seu forno antes de fazer sua louça.

Como diz o alento do Céu à água do abismo: "Nesta direção rolarão tuas ondas, e em nenhuma outra; a esta altura, e não mais alto, elevar-se-ão em sua fúria", assim também, ó homem! deixa que a Alma atue e dirija tua carne; deixa que aquela reprima tua selvageria.

Tua Alma é o monarca do teu corpo; não deixes que seu súdito se rebele contra ela.

Teu corpo é como a taça da terra, teus ossos os pilares que a sustentam sobre suas bases.

Assim como o oceano dá origem às fontes, cujas águas regressam ao seu veio através dos rios, assim flui a força da tua vida, do coração para fora, e assim regressa outra vez ao seu lugar.

Não conservam ambos seu curso para sempre? O mesmo Deus lhes deu ordens.

Não é teu nariz o condutor dos perfumes?

Tua boca o caminho para o paladar? Ainda assim, deves saber que os perfumes que exalam em excesso prejudicam, que as iguarias finas destroem o apetite a que agradam.

Não são teus olhos sentinelas que vigiam por ti? E, no entanto, quase nunca são capazes de distinguir a verdade do erro?

Deixa que tua Alma domine sempre, ensina teu espírito a ser atento a seu trabalho; desse modo, esses ministros serão sempre para ti transmissores de vida.

Não é tua mão um milagre? Existe na criação algo semelhante a ela? Para que te foi dada, senão para que a estendas em ajuda a teu irmão?

Por que, entre todas as coisas vivas, somente tu podes ruborizar-te? O mundo lerá tua vergonha em teu rosto; portanto, não faças nada de vergonhoso.

Por que o terror e a desilusão roubam a teu rosto suas cores? Evita a culpa e saberás que o temor está abaixo de ti; que o desalento não é varonil.

Por que somente a ti falam as sombras nas visões da tua mente? Reverencia-as, porque deves saber que elas procedem da altura.

Somente tu, homem, podes falar. Maravilha-te de tão gloriosa prerrogativa, e rende Àquele que a deu, um louvor racional e cordial, mostrando a sabedoria a teus filhos, instruindo na piedade o fruto das tuas entranhas.

Excerto do livro A vós confio, publicado pela GLP pp. 69-70

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